20/04/2021 - 17h19
Profissionais do futuro: Quais são as habilidades mais importantes em tempos de pandemia?
Saber lidar com mudanças e as necessidades advindas delas é indispensável, diz Antonio Ornellas neste artigo
Para falar de profissionais do futuro, vamos entender o conceito de habilidade como a capacidade que uma pessoa tem de realizar algo. Assim sendo, vejo de imediato uma habilidade relevante: a escuta ativa. Ou seja, esse profissional deve estar alerta em relação ao seu líder e o que de mais importante está acordado entre líder e liderado. Isso quer dizer que o liderado deve registrar (ter uma memória) e ter um plano de como vai ser a execução, como vai colocar em prática e fazer acontecer os acordos não só com o seu líder, mas com seus clientes, amigos, familiares e contatos relevantes. A leitura da comunicação verbal e da comunicação corporal é o que vai estar em jogo. Portanto, o profissional vai utilizar toda sua energia e atenção para captar o que está sendo dito nos contatos presenciais ou virtuais.
Fora escuta ativa, eu diria que, em todo relacionamento profissional, hoje em dia, está a confiança, a credibilidade na ação. Quando colocamos esse conceito em pauta temos que estar comprometidos com o plano de ação desenhado para execução do acordo. Isso é como assinar um contrato olhando sob o aspecto formal da relação. É a certeza de que o que foi acordado vai acontecer sem a necessidade de cobranças ou ações judiciais (óbvio).
Não menos importante, em ações de profissionais com foco no futuro vemos o uso da inovação, "trazer o novo", e o conceito que está em jogo é ter uma visão moldada por ações que promovam o interesse e a curiosidade por parte do mercado, pois isso mostra o impacto e a influência desse profissional do futuro e, com certeza, poderá ser um diferencial!
Um relatório feito pelo Fórum Econômico Mundial, mostra dez habilidades que os profissionais devem ter para sobreviver à quarta revolução industrial. Dentre as habilidades, metade delas está ligada ao relacionamento interpessoal –comunicação, liderança, gerenciamento de pessoas, negociação e inteligência emocional.
Saber lidar com essas mudanças e novas necessidades, como a comunicação não violenta, se torna mais do que indispensável, pois é um objetivo que pode entrar nas nossas metas para 2021 (caso já não esteja) é melhorar a qualidade dos nossos relacionamentos, eliminando todos os ruídos que podem interferir em nossa comunicação.
Ainda, devemos incluir entre as habilidades aquelas que promovam o aprendizado e o pensamento crítico, e também: solução de problemas complexos, conhecimento, aplicação e criatividade, habilidades interpessoais de comunicação, colaboração e cultura global e habilidades intrapessoais como auto gerenciamento, motivação e aprendizado em como aprender. O que por si já é uma coleção completa, olhando para o futuro!
Sob um aspecto futurista, precisamos ter certeza de que as organizações não se sentirão surpreendidas pelo que o futuro poderá nos apresentar. O mundo em que vivemos e trabalhamos está em constante mudança e repleto de buracos negros. Futuristas consideram múltiplos cenários e pensam através de novas possibilidades. Eles estão por dentro das tendências e estão conectados com seu network. Essa é atualmente a habilidade considerada número 1, de acordo com recente pesquisa respondida por mais de 140 CEOs.
Profissionais do futuro devem ser como exploradores do velho e procurar soluções no espaço desconhecido. Precisam estar abertos a novas ideias e prontos para mudar a direção, pois o mundo a nossa volta está em franca expansão e alterações. Como exploradores eles devem estar continuamente aprendendo e estar sempre praticando a curiosidade.
O mundo está se tornando fortemente conectado. Isso significa que todas as empresas devem ter um olhar no potencial mundial de colaboradores e clientes. Estar com o foco de um cidadão global significa pensar globalmente e adotar a diversidade. O profissional do futuro, e também os líderes, precisam entender e gostar de novas culturas, perseguir ativamente equipes formadas de pessoas diversas, colaboradores com diferentes formações e que sabem como se apresentar e ter sucesso em novos mercados globais.
Nm artigo sobre como líderes do futuro precisam pensar, o futurista Jacob Morgan cita:
1. Senso de fazer: habilidade para determinar um profundo poder de fazer sentido no que está sendo comunicado e dito.
2. Inteligência social: habilidade de se conectar com outros de uma forma profunda e direta, de forma a sentir e estimular reações e interações desejadas.
3. Estilo fluido de pensar: facilidade de pensar de forma fluente trazendo soluções e respostas muito além do comum e de regras conhecidas.
4. Competências que interagem através da cultura: habilidade de operar, trabalhar em formações de diferentes culturas.
Habilidades que operam através de diferentes formações culturais vão ser muito importantes para todos os colaboradores, não somente aqueles que estarão navegando em ambientes diversos, geograficamente falando.
As organizações estão percebendo que a diversidade é um gatilho para a inovação. Pesquisas agora nos deixam perceber que o que faz um grupo realmente inteligente e inovativo é a combinação de diferentes idades, diferentes habilidades, disciplinas, trabalhando e pensando em diferentes estilos e ideias que os membros trazem para a mesa.
Scott E. Page, professor e diretor do Centro de Estudos de Sistemas Complexos da Universidade de Michigan, demonstrou que grupos que apresentam uma gama de perspectivas e diferentes níveis de habilidades têm um desempenho alto como especialistas do assunto. Ele concluiu que "o progresso depende muito das diferenças coletivas assim como do índice individual de IQ."
Os negócios devem estar alerta em relação às mudanças ambientais e adaptar sua força de trabalho planejando e desenvolvendo estratégias para garantir o alinhamento com requisitos de habilidades futuras. Profissionais de recursos humanos estratégicos podem não usar métodos tradicionais para identificar habilidades críticas, assim como para selecionar e desenvolver talentos.
Por todas essas colocações, podemos perceber implicações para profissionais, indivíduos, instituições educacionais, negócios e até para governos. Para serem bem-sucedidos na próxima década, indivíduos vão precisar demonstrar certa facilidade em navegar mudanças rapidamente para diferentes áreas da organização notando os requisitos e impactos em habilidades. Ou seja, os profissionais do futuro vão ser continuamente solicitados a reacessar as habilidades necessárias e rapidamente reunir os recursos adequados para desenvolver e atualizar essas habilidades. Os profissionais do futuro, no futuro vão ter que ser muito flexíveis e aprendizes longevos.
*Antonio Ornellas é especialista em Gestão de Carreira da TCS - Top Creative Solutions
Foto de abertura: Divulgação