08/06/2022 - 17h49
Inovação, cultura e agilidade: como a união desses pilares funciona em uma empresa de tecnologia?
Nenhuma empresa inovadora avançou por pura sorte, diz Rafael Lessa, da Neoway
Por Rafael Lessa*
Esses dias, em um bate papo, me perguntaram o que fazer para inovar e aumentar a produtividade dos times. Confesso que esta pergunta me fez refletir, porque não há um processo padronizado de agilidade para todos os times. Alguns rodam Kanban, outros Scrum e cada time tem a liberdade de escolher. Ou seja, não há a mesma metodologia para todos os produtos em discovery, damos liberdade para decidirem as melhores metodologias e estruturas.
Porém, metodologia e processos não podem atrapalhar. Cada equipe é formada por pessoas e histórias diferentes. Chamamos isso de autonomia com responsabilidade. Essa questão me faz refletir e perceber que existem muitas empresas buscando aumentar a sua capacidade de inovar em seus produtos e querendo fazer isso usando frameworks de inovação e agilidade. A busca pela inovação deve ser constante. Trata-se de um processo a ser construído que não se pode deixar a mercê do acaso.
Nenhuma empresa inovadora avançou por pura sorte. Hoje temos várias metodologias que auxiliam a capacidade de inovar como Design Thinking, Service Design, Design Sprint e Ideaton. Todas elas apresentam alguns pontos em comum: pessoas, colaboração, cooperação e times multidisciplinares.
O foco é a interação das pessoas e a oportunidade de colocar o cliente no centro da inovação, trazendo-o para a criação conjunta. Muito além da tecnologia, são as pessoas que inovam. A tecnologia é apenas o meio para resolver o problema de uma ou várias delas.
Não é raro que muitas empresas fracassem nessa cultura de inovação. A reflexão surge justamente aqui: "Capacitei todo o time e somos bons tecnicamente. Por que não consigo inovar ou demora muito?"
A resposta está em investir nas relações sinceras e segurança psicológica. Deve haver a crença de que não terá punição, humilhação, vergonha ou julgamento quando ideias, perguntas, medos e preocupações são compartilhadas. Criar um ambiente para que as pessoas se sintam livres e confiantes para assumir riscos interpessoais, sem que haja qualquer tipo de retaliação pela exposição de seus pensamentos e opiniões.
Esse ambiente só nasce quando as pessoas se sentem confiantes em discordar de uma decisão, expondo suas preocupações e medos, mesmo que essas decisões venham dos seus gestores e líderes. É o desapego da mentalidade do controle.
Ser dono das nossas decisões é o que nos torna verdadeiramente protagonistas. Acontece que geralmente as lideranças não estão maduras o suficiente para criar e, principalmente, sustentar esse ambiente por tempo suficiente até virem os primeiros frutos. Isso porque um dos ingredientes principais para tornar esse solo fértil para inovação é justamente o desapego daquela mentalidade do comando e controle, que ainda é muito comum, mesmo nas empresas mais modernas.
A proposta de uma liderança servidora é essencial. Quando isso é trazido, o organograma fica de cabeça para baixo, colocando os times e clientes no topo, conectados diretamente, e as lideranças abaixo, dando suporte e a serviço de todos. Quando adotada, criamos um marco na nossa história.
Muito mais do que cargos e hierarquias, precisamos buscar uma estrutura simples e eficiente em que os gestores fomentem um ecossistema pautado na mentoria e não no comando ou controle.
Em tecnologia, podemos resolver o mesmo problema de maneiras diferentes, mas precisamos deixar que as pessoas experimentem as suas formas, não impondo o nosso jeito de resolvê-lo. Errar faz parte de qualquer processo de inovação. A maturidade com que lidamos com esses erros é o que nos diferencia.
Erre rápido. Aprenda. Fomente a segurança psicológica. E tenha certeza de que esse processo de aprendizagem, acima de tudo isso, contribui o desenvolvimento de todos que participam dessa jornada. Arrisque-se e inove.
*Rafael Lessa é vice-presidente de Engenharia da Neoway
Foto: Divulgação/Neoway