Por Angelo Fanti*

 

Há algumas décadas, a sociedade brasileira começou a lidar com mais frequência com temas como sustentabilidade e responsabilidade social. Muitos desses conceitos e termos foram ganhando novas nomenclaturas com o passar do tempo. Na ECO-92, no Rio de Janeiro, o tema sustentabilidade ganhou força na Conferências das Nações Unidas. Responsabilidade social veio ainda antes, em meados do século 20, mas começou a ganhar força mesmo nos anos 1980, quando empresas passaram a ser mais cobradas pela sociedade para contribuirem em temas como desigulade social, emprego e ética.

 

Mas foi em 2004, portanto há 20 anos, que sustentabilidade e responsablidade social passaram a se unir em uma sigla: ESG, das iniciais em inglês de Environmental, Social e Governance, que em português significam Ambiental, Social e Governança. Na ocasião, as Nações Unidas lançaram o desafio de integrar esses três fatores no mercado de capitais até 2030.

 

No Brasil, no entanto, o termo parece ter “pegado” mesmo apenas na década passada, quando a própria sociedade passou a exigir das empresas e dos governos mais responsabilidade para lidar com os temas. Mas ao mesmo tempo – e esse fenômeno é global – sobretudo a partir da segunda metade da década passada, discursos de ódio e fake news passaram a fazer parte da vida diária de quase todos os cidadãos. Você pode estar se perguntando: mas o que uma coisa tem a ver com a outra?

 

A resposta é simples: diante desse cenário, é mais que necessário reforçar princípios tão óbvios, mas tão óbvios que sequer deveriam fazer parte de qualquer discussão. Porque o princípio de tudo é o respeito, o olhar para o próximo como a si próprio. Mas diante de tantas polêmicas com coisas que deveriam ser óbvias ou exatas – como dizer que a terra é redonda, que 2 + 2 = 4 ou que o descuido do homem pelo meio ambiente é capaz de causar catástrofes climáticas como a que ocorreu no Rio Grande do Sul – é preciso, sim, reiterar princípios e valores.

 

Para as empresas, em particular, não faltam dados para justificar sua opção em atuar por uma sociedade melhor a partir de diversão e inclusão. Um estudo recente da McKinsey & Company, por exemplo, descobriu que empresas com maior diversidade étnica e racial em suas equipes de liderança tendem a ter um desempenho financeiro significativamente melhor do que aquelas com menos diversidade. Além disso, a diversidade de perspectivas e experiências pode levar a uma tomada de decisão mais informada e eficaz. Outro estudo, da Deloitte, de 2022, revelou que empresas com líderes inclusivos têm uma probabilidade 2,3 vezes maior de serem líderes de mercado e 1,7 vez mais propensas a terem uma cultura de inovação sustentável.

 

No cenário empresarial brasileiro, a temática da diversidade tem ganhado cada vez mais destaque e atenção. O estudo  Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2022 e tendências para 2023, feito pela Blend Edu, startup especializada no tema, conversou com 117 empresas brasileiras e mostrou que 81% têm um orçamento dedicado apenas a ações de diversidade e inclusão.

 

Nesse contexto, podemos ver um retorno significativo para as empresas que adotam a diversidade na prática. Uma pesquisa feita pelo Instituto Identidades do Brasil (IDBR) evidenciou os impactos da diversidade no mercado de trabalho. Os dados apontam que para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial, acontece um salto de quase 4% na produtividade das empresas. Além disso, para cada 10% de elevação da diversidade de gênero, verificou-se o acréscimo de aproximadamente 5% na produtividade dessas organizações.

 

Aqui, na Sorocaba Refrescos, franquia do sistema Coca-Cola para Sorocaba e região, estamos comprometidos com o bem-estar da comunidade local e, ao longo dos anos, realizamos diversas ações sociais para beneficiar o nosso entorno.

 

A empresa tem uma forte atuação na inclusão de jovens no mercado de trabalho, por meio do Coletivo Jovem. O programa de empregabilidade permite que os jovens busquem seu primeiro emprego. Também contamos com o Coletivo Mover, capacitação que é fruto de uma parceria entre o Instituto Coca-Cola Brasil e o Mover (Movimento pela Equidade Racial) focada exclusivamente nos jovens negros e negras do país.

 

Apoiamos, ainda, projetos voltados ao esporte, como o Manhã de Lazer, dedicado a pessoas de todas as idades e que promove o contato com diferentes atividades esportivas como forma de combater o sedentarismo e promover a inclusão. O programa surgiu da necessidade de motivar a população a ocupar as praças e áreas de lazer do município com recreação e esporte incentivando o convívio social. As recreações de inclusão têm o objetivo de promover a interação e a participação de todas as pessoas, independentemente de suas habilidades físicas ou cognitivas.

 

Além dessas ações, apoiamos diversos projetos culturais. Com o objetivo de favorecer a democratização do acesso ao cinema e à cultura a bairros e comunidades com poucas oportunidades de entretenimento de qualidade, o Cine Boa Praça leva sessões gratuitas, em uma tela inflável gigante, de filmes voltados ao público infanto-juvenil e seus familiares, em praças de diversas cidades do interior de São Paulo.

 

Outro projeto, o Musicando, realiza oficinas culturais e cursos para a população de regiões periféricas de Sorocaba e Votorantim, alcançando centenas de crianças e jovens de 7 a 18 anos. A iniciativa também envolve a apresentação de concertos da Orquestra Filarmônica Jovem de Sorocaba em praças e parques, democratizando o acesso à música sinfônica, promovendo inclusão sociocultural e valorizando os músicos locais.

 

Já na área de meio ambiente, além de atuar em sintonia com todos os projetos nacionais e globais do sistema Coca-Cola, recebemos a Certificação de Energia Renovável I-Rec em relação ao consumo de energia elétrica em 2023. Em parceria com a Raízen, empresa global de bioenergia, reforçamos o nosso compromisso com a transição energética, definindo novos padrões para o futuro da energia. O certificado é reconhecido internacionalmente e confirma que a energia utilizada pela empresa é proveniente de fontes limpas e renováveis. Essa conquista permite à Soroca Refrescos alcançar suas metas de sustentabilidade, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases do efeito estufa.

 

Em um mundo cada vez mais diversificado e interconectado, a liderança inclusiva é essencial para o sucesso de qualquer organização. Ao valorizar a diversidade de perspectivas e experiências, os líderes podem promover a criatividade, a colaboração e a inovação dentro de suas equipes, impulsionando assim a performance organizacional e o crescimento sustentável. Parece óbvio. E é. Mas no contexto atual, importante reiterar, é fundamental reforçar e reescrever princípios.

 

 

*Angelo Fanti é diretor de RH da Sorocaba Refrescos

 

 

 

Foto: Divulgação/Sorocaba Refrescos