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08/07/2024 - 18h08

O que eu aprendi hoje?

A resposta pode ser algo simples, de efeito prático e cotidiano, afirma Marcelo Madarász em sua coluna

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

 

Julho de 2024. A empresa em que eu trabalho adota o conceito de ano fiscal e estamos iniciando mais um ano. No começo, eu achava um pouco confuso, mas, depois, acabamos nos acostumando. Aliás, como tudo, há um lado positivo e um negativo de nos acostumarmos com as coisas. De vez em quando acabamos nos acostumando com coisas que não deveríamos. O fato é que, a exemplo do que fazemos próximos ao réveillon, o término de um ciclo e início de outro nos convidam à balanços e reflexões.

 

Nas organizações, temos a estratégia, seus desdobramentos em metas individuais e coletivas, que preferencialmente sejam coerentes e permitam que aqueles indicadores buscados por todos garantam os bons resultados do período. No famoso, famigerado e muitas vezes odiado processo de avaliação de desempenho, podemos avaliar o que foi atingido, como os resultados foram atingidos e, de acordo com nossas contribuições, somos avaliados, somos até mesmo considerados para algumas iniciativas, promovidos, temos nossos salários ajustados e todas as etapas que bem conhecemos acontecem. Esse mesmo processo – que muitos odeiam – já foi muito pior, e como tudo, passou por evoluções.

 

Sabemos que, além do “que” e do “como”, a discussão sobre propósito trouxe também o “porquê” e isso é muito positivo, pois, além de permitir que a missão da empresa seja comunicada, as pessoas podem saber o quanto a causa é nobre e alinhada com as perspectivas individuais. Essa é a base do verdadeiro engajamento.

 

Da mesma forma que as organizações fazem seus balanços e, muitas vezes, publicação de seus resultados, deveríamos fazer o mesmo com as nossas vidas: auto-observação, autoconhecimento, exploração das fortalezes e fraquezas, propósito, valores pessoais, aquilo que não abrimos mão ou não deveríamos fazê-lo, nossas dinâmicas internas, a forma como nos relacionamos com o outro, como somos percebidos, o que buscamos e que estratégias adotamos para a nossa própria evolução.

 

A pergunta sobre propósito, lindamente traduzida na letra da canção brasileira Cajuína – existirmos a que será que se destina? – e que é há muito tempo tema da Filosofia, pode e deve ser acompanhada da pergunta: o que aprendi hoje? A resposta de cada um a essa reflexão existencial não precisa trazer nenhum grande feito para a humanidade, pelo contrário, pode ser algo muito simples, de efeito prático e cotidiano. Pode ser tão somente tocar a vida das pessoas com quem você se relaciona, pode ser fazer a diferença na vida ou no dia de seus liderados, pode ser ouvir, acolher, receber.

 

É muito mais fácil observar a vida do outro e julgá-lo do que refletir sobre nossas próprias dinâmicas, luzes e sombras e ter a coragem necessária para mudar aquilo que pode e deve ser mudado. Falamos tanto em feedback como poderosa ferramenta de evolução e até pedimos que as pessoas nos deem, mas quantos de nós estamos verdadeiramente abertos a ouvir como o outro nos vê, quando esta informação pode eventualmente nos desagradar?  Estamos verdadeiramente abertos e suficientemente preparados para crescer? Muitas vezes, crescer implica em dores – já ouviu sobre as famosas dores do crescimento?

 

Apesar de o processo poder trazer algum nível de desconforto, a sensação de dar à sua trajetória pessoal e profissional um sentido é absolutamente inigualável, é o que vai nos permitir olhar para trás, seja ao término de um dia, de um ciclo ou de uma vida, com a boa sensação de que aquele dia, ciclo ou vida, valeram a pena serem vividos!

 

Muita luz em sua jornada!

 

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH para a América Latina da Parker Hannifin

 

 

Foto: Marcos Suguio