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23/10/2024 - 12h15

Porque o Time de Times não é para sua empresa

Especialista lista as características de gestão que impedem a adesão ao modelo

 

 

Por Susana Azevedo*

 

Era 2001. O general do exército dos Estados Unidos Stanley McChrystal tinha um grande desafio como comandante das forças de coalizão no Afeganistão. Mesmo com o mais organizado e bem equipado exército do mundo, ele tinha dificuldades em fazer frente à Al Qaeda, uma organização mal equipada, mas extremamente ágil e eficaz. Foi aí que surgiu o Team of Teams (Time de Times, em português), um modelo de gerenciamento de equipes baseado em colaboração, troca de informação e responsabilidade e tomada de decisão compartilhadas.

 

As organizações passam, hoje, por desafios semelhantes aos enfrentados por McChystal, em um mundo com pouca previsibilidade e muitas incertezas. Porém, o Time de Times não é para todos e pode não ser para sua empresa.

 

Se você é um líder que preza pela centralização das decisões, esse modelo não é para você, uma vez que prevê uma abordagem do líder como um facilitador dos processos, porém, a tomada de decisão pode e deve ocorrer em outros níveis de hierarquia. A descentralização e empoderamento das bases tem como objetivo dar agilidade e velocidade para encarar as mudanças rápidas, oportunidades e ameaças.

 

Se na sua organização as informações de cada área são cercadas de sigilo e difíceis de acessar, certamente o Time de Times não daria certo. Segundo McChrystal, é importante ter um alto nível de transparência na partilha de informação entre todas as equipes, por meio da revisão de espaços físicos, processos, sistemas e rituais de comunicação e conexão. Para que isso seja estratégico, também é importante que todos tenham clareza e estejam alinhados com o propósito, missão e visão comuns.

 

Por fim, é preciso confiar. Se isso é um desafio na cultura organizacional da sua equipe ou empresa, será impossível implantar esse modelo de gestão. A colaboração é um processo que só funciona com a confiança mútua entre pessoas e times, dividindo a informação e minimizando o trabalho em silos.

 

Como incentivo, finalizo compartilhando que, graças às práticas, McChrystal ficou conhecido por ter coordenado as unidades que capturaram Saddam Hussein e Abu Musab al-Zarqawi, líder da Al Qaeda.

 

Sabemos que esses são temas desafiadores, especialmente para empresas que cresceram amparadas em um tipo de gestão tradicional, como as familiares. Ainda assim, se até o Exército estadunidense conseguiu se transformar para poder derrotar o inimigo, será mesmo que o Time de Times não pode ter uma chance na sua empresa?

 

*Susana Azevedo é coach e sócia-proprietária da Quantum Development

 

 

Foto: Divulgação/Quantum