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17/01/2025 - 16h21

A saúde mental e o novo papel da liderança corporativa

Nossa colunista Clarissa Medeiros inicia 2025 comentando o que as novas normas e o Janeiro Branco nos ensinam

 

Por Clarissa Medeiros*

 

 

O início de 2025 nos convida a refletir profundamente sobre a saúde mental no trabalho, especialmente durante este mês do Janeiro Branco, uma campanha dedicada à conscientização sobre a importância do bem-estar emocional.

 

A saúde mental no ambiente corporativo ganhou protagonismo nos últimos anos, impulsionada por eventos globais como a pandemia e por mudanças significativas na legislação trabalhista.

 

A recente revisão da Norma Regulamentadora 1 (NR1), que agora inclui a gestão de riscos psicossociais, reforça a importância de abordar a saúde mental como um aspecto fundamental da segurança e do bem-estar ocupacional.

 

Esses riscos englobam fatores como carga excessiva de trabalho, ambientes de alta pressão e a falta de apoio no local de trabalho, que podem levar a problemas como estresse crônico, burnout e até mesmo doenças mentais mais graves.

 

Para líderes empresariais, essa mudança exige uma abordagem mais ampla e humanizada na gestão de equipes.

 

O PAPEL DO LÍDER NO CONTEXTO ATUAL

Líderes empresariais têm um papel central na implementação de políticas e práticas que promovam o bem-estar. Para isso, é fundamental que os gestores desenvolvam uma visão ampla sobre a saúde mental, compreendendo-a como um aspecto integrado à estratégia corporativa. Algumas das principais ações incluem:

 

Criação de espaço de diálogo

Estimular a comunicação aberta para que os colaboradores se sintam confortáveis em compartilhar preocupações. Espaços seguros, como rodas de conversa ou encontros regulares, podem ser essenciais para criar conexões e promover o suporte mútuo.

 

Capacitação em liderança consciente

Promover treinamentos que desenvolvam habilidades como empatia, escuta ativa e inteligência emocional. Um líder consciente não apenas identifica sinais de desgaste emocional, mas também age para oferecer apoio adequado.

 

Implantação de políticas de bem-estar

Oferecer programas de apoio à saúde mental, como acesso a terapeutas, pausas regulares e flexibilização de horários. A incorporação de iniciativas como mindfulness e meditação também pode ser um diferencial.

 

Exemplo pela liderança

Líderes devem atuar como modelos, demonstrando que cuidar da própria saúde mental é uma prioridade. Essa postura não apenas valida a importância do tema, mas também inspira os colaboradores a fazerem o mesmo.

 

Monitoramento e avaliação contínua

Implementar ferramentas para avaliar regularmente o clima organizacional e os índices de bem-estar. Com base nos resultados, ajustar as práticas para atender às necessidades reais das equipes.

 

No contexto atual, a liderança vai além de cumprir metas e entregar resultados. Trata-se de criar ambientes onde as pessoas possam prosperar.

 

O líder que compreende e acolhe a dimensão humana de suas equipes não apenas constrói um local de trabalho mais saudável, mas também estabelece as bases para uma organização mais resiliente e inovadora.

 

OPINIÕES E PESQUISAS NA ÁREA

Em meus mais recentes estudos sobre o tema, procurei saber a visão de Thor Olafsson, em seu livro Beyond the Ego. Ele destaca a importância da liderança consciente — um estilo de liderança que já abordamos recentemente em artigos anteriores, que prioriza a empatia, a autocompreensão e a conexão autêntica com os outros.

 

Esse conceito se alinha à necessidade de criar relações humanizadas no ambiente corporativo, onde os líderes reconhecem os desafios enfrentados por suas equipes e atuam ativamente para solucioná-los.

 

Procurando nas redes sociais, encontrei bons insights no perfil da Izabella Camargo, jornalista e especialista em saúde mental no trabalho. Lá ela reforça que a humanização das relações é essencial para combater o burnout e promover um ambiente onde os colaboradores se sintam valorizados e apoiados.

 

Segundo ela, “saúde mental é produtividade”, e ignorar essa realidade pode levar a perdas significativas para as organizações.

 

Busquei também uma abordagem institucional e encontrei pesquisas da McKinsey & Company. Elas mostram que empresas que investem em bem-estar e na saúde mental de seus colaboradores melhoram a satisfação e o engajamento das equipes, e consequentemente obtêm resultados financeiros superiores.

 

Ou seja, a gestão eficaz destes riscos psicossociais abordados pela NR1 contribui para reduzir o absenteísmo e auxilia no aumento da retenção de talentos e no fortalecimento da reputação corporativa.

 

UM CAMINHO PARA A EVOLUÇÃO

A inclusão da gestão de riscos psicossociais na NR1 é mais um passo em direção à evolução do mundo corporativo. Ela reflete uma tendência global de valorizar o ser humano como o centro das organizações.

 

Líderes que abraçam essa transformação não estão apenas cumprindo suas obrigações legais, mas também construindo ambientes mais saudáveis e sustentáveis.

 

Como líder, você tem o poder de moldar o futuro do trabalho.

 

 

*Clarissa Medeiros é mentora de lideranças, palestrante, sócia-fundadora da Clarity Global e colunista do portal Gestão RH

 

 

Foto: Lucy Hallak