
07/02/2025 - 18h00
Sem diversidade, sua empresa está perdendo o futuro
Não é questão ideológica. DEI é fator crítico de sucesso empresarial, afirma Marcelo Vitoriano, da Specialisterne
Por Marcelo Vitoriano*
O momento atual exige reflexão. No epicentro das mudanças políticas nos Estados Unidos, onde o governo eleito pressiona empresas a reduzirem ou extinguirem seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), nos deparamos com uma questão essencial: qual é o verdadeiro impacto dessas iniciativas?
Mais do que uma questão ideológica, a diversidade, equidade e inclusão se tornaram fatores críticos para o sucesso empresarial e para a construção de uma sociedade mais justa. Estudos indicam que empresas diversas apresentam melhor desempenho financeiro, maior capacidade de inovação e um ambiente corporativo mais saudável e produtivo.
A implementação de programas de DEI não é apenas um compromisso ético, mas uma estratégia que impulsiona inovação, engajamento e desempenho organizacional.
Empresas que investem em diversidade colhem benefícios tangíveis: segundo um estudo da McKinsey & Company, organizações com uma percepção de diversidade de gênero têm 93% mais chances de superar a performance financeira de seus concorrentes.
Além disso, times diversos são mais criativos e tomam decisões melhores, pois reúnem múltiplas perspectivas e experiências. Em um ambiente onde a troca de ideias acontece de maneira mais ampla e inclusiva, surgem soluções mais inovadoras e eficientes, impactando diretamente a competitividade do negócio.
Outro ponto fundamental é a retenção de talentos. Ambientes inclusivos reduzem a rotatividade, aumentam o engajamento dos colaboradores e fortalecem a cultura corporativa. Quando os funcionários sentem que pertencem ao ambiente de trabalho, sua produtividade cresce e a lealdade à empresa se fortalece, reduzindo custos com novas contratações e treinamentos.
Além do impacto organizacional, os programas de DEI geram transformações sociais significativas. Oportunidades são criadas para grupos historicamente marginalizados, garantindo acesso ao mercado de trabalho e impulsionando mobilidade social. Iniciativas como recrutamento inclusivo, mentorias e programas de capacitação são essenciais para que mais pessoas pretas, mulheres, pessoas LGBTQIA+ , pessoas com deficiência e neurodivergências tenham condições reais de oportunidades de trabalho e a construção de uma carreira profissional.
O impacto positivo também se estende ao ambiente corporativo como um todo. A promoção da diversidade reduz vieses inconscientes, fortalece o respeito mútuo e cria um espaço mais seguro para todos. Empresas que investem em treinamentos de conscientização, políticas de equidade salarial e programas de acessibilidade relatam um aumento na produtividade e no bem-estar organizacional.
Além disso, consumidores estão cada vez mais atentos ao compromisso das empresas com questões sociais, o que influencia diretamente sua reputação e competitividade no mercado.
Renunciar a essas iniciativas é retroceder. Empresas que renunciam a suas áreas de DEI se tornam menos competitivas, menos inovadoras e menos atrativas para talentos e consumidores. A tendência global aponta para um mercado de trabalho mais inclusivo e diversificado, e resistir a esse movimento pode significar um declínio no engajamento dos stakeholders e na relevância da empresa.
Um aspecto importante a destacar é que os programas de DEI dialogam diretamente com as práticas de ESG e de Devida Diligencia (Due Diligencie) em Direitos Humanos para toda a cadeia de fornecedores das Empresas. Abrir mão destes processos, causaria uma fratura ou rompimento nas ações de ESG e pode fazer, por exemplo, com que as companhias entendam que tudo bem ter trabalho escravo em sua rede de fornecedores, já que não haveria mais indicadores de direitos humanos. Tenho certeza de que os bons CEOS e Conselhos de Administração não desejam isso.
Em um mundo cada vez mais conectado e exigente, inclusão não é um diferencial – é uma necessidade. A sustentabilidade dos negócios depende da capacidade das empresas de se adaptarem a essa nova realidade, promovendo ambientes onde todos possam crescer e contribuir plenamente.
Seguimos em frente, sem retrocessos. Fortalecer a diversidade, equidade e inclusão não é apenas fazer o certo, mas fazer o melhor para todos. É civilizatório!
*Marcelo Vitoriano é CEO da Specialisterne
Foto: Fabio Risnic