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13/02/2025 - 11h30

O escritório do futuro

Com base em resultados de diferentes estudos, Lina Nataka, da FIA, elenca quatro características essenciais

 

 

Por Lina Nakata*

 

Quando li A Empresa na Velocidade do Pensamento, livro de Bill Gates publicado em 1999, eu lembro que me surpreendi com muitas coisas. Parecia que estávamos realmente saindo de um mundo analógico para um totalmente novo, nos mais diversos aspectos do ambiente empresarial. E quase tudo realmente se transformou nesse quarto de década.

 

Mais e mais mudanças estão por vir. Por exemplo, qual é o futuro do escritório? Ou melhor, o escritório do futuro? Os relatórios The Future of the Office, da McKinsey, e State of Our World, da Oliver Wyman, estão apresentando novas tendências para o mundo corporativo. E o que mais me chama a atenção é que os espaços empresariais precisam mudar porque não há mais tanto engajamento e nem sentido no que tínhamos nesses tempos. Falta conexão emocional, sentimento de pertencimento e relacionamento de qualidade.

 

Por um lado, vivemos um mundo tão globalizado e que se impacta por inúmeros fatores econômicos, políticos e sociais. São ações de uma empresa caindo de um lado, ou um post bombástico de algum influencer, que já sentimos os efeitos no nosso dia a dia. Por outro lado, tantas coisas acontecem ao lado da nossa baia, ou no andar de cima, mas ainda não estamos sabendo – e isso pode ser muito mais importante do que as notícias que desabam nos nossos celulares. Algo está estranho, certo?

 

No relatório da McKinsey, a mensagem é de que o escritório do futuro precisa oferecer mais do que um simples local de trabalho, com o dever de ganhar o deslocamento dos colaboradores, proporcionando vantagens que o home office não permite. Para isso, esse novo escritório da empresa deve compreender uma localização facilitada, uma infraestrutura mais do que suficiente, espaços flexíveis que podem ser reorganizados de acordo com a necessidade dos times, ambientes atraentes que estimulam a criatividade, e locais propícios para a colaboração e a inovação das pessoas.

 

 

 

O trabalho no modelo presencial não é, de forma alguma, tão simples quanto era antes. Até o trabalho remoto ter sido experimentado por uma grande massa, era algo comum. E agora, o escritório sofre com esses desafios bastante complexos.

 

Espaço com propósitoespera-se que um ambiente seja estimulador para a construção de relacionamentos, colaboração e desenvolvimento pessoal e profissional. Para tanto, alguns requisitos são relevantes, como localizações privilegiadas com o cuidado físico do escritório, interiores flexíveis, práticas de trabalho bem definidas, onde os funcionários sabem por que estão lá, e programa para criar momentos significativos.

 

Espaços para conectividade: a nova visão do escritório é de um espaço voltado para interações humanas. Uma pesquisa da Forbes apontou que as empresas estão ampliando suas áreas colaborativas em até 50%, sendo um grande local que favoreça a troca de ideias. Para essa conexão, precisamos de espaços onde os colaboradores possam desenvolver capital social, aprofundar seus relacionamentos e expandir suas redes, assim como áreas projetadas para atividades de compartilhamento de conhecimentos, aprendizados de novas habilidades, brainstorming e celebrações.

 

Espaço digitalmente aprimorados: o impacto da tecnologia na maneira como trabalhamos é gigantesco. Com tantas ferramentas e soluções, os escritórios do futuro devem ser projetados para mais adaptabilidade, responsividade e conectividade. Segundo a pesquisa da JLL Global Technology, mais de 75% dos líderes corporativos imobiliários estão investindo em tecnologia para melhorar os ambientes de trabalho. Dessa forma, a IA deve ser utilizada para otimizar espaços e recursos.

 

Espaço orientado para a sustentabilidade: a eficiência sempre foi importante na gestão das empresas, mas agora é algo ainda mais crítico, pois ser sustentável conta muito. Investir bem os recursos é estratégico, com a ideia de que o retorno deve ser para o lado econômico e social. Não adianta pensarmos em espaços bonitos e tecnológicos, se não são funcionais e se não geram resultado suficiente.

 

O grande desafio das empresas não é mais decidir horário de trabalho, layout do andar, formato de trabalho – presencial, remoto, híbrido –, nem questões burocráticas, que já podem ser bem otimizadas por várias tecnologias. O escritório do futuro bem desenhado será uma grande chave para o sucesso das organizações. 

 

 

*Lina Nakata é professora da FIA Business School

 

 

Foto: Divulgação