
17/02/2025 - 15h09
Liderando a geração Z
Clarissa Medeiros mostra como a liderança consciente é chave para engajar e reter novos talentos
Por Clarissa Medeiros*
Estou sempre em intensa interação com lideranças de grandes empresas e, sem dúvidas, estamos nos deparamos com uma nova realidade: o mercado de trabalho está passando por uma transformação muito acelerada e significativa que demanda combater ambientes tóxicos e estilos de liderança ultrapassados.
A entrada da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) está gerando com rapidez novas necessidades, por se tratar de profissionais com motivações e expectativas completamente diferentes das gerações anteriores.
Nesse novo cenário, para as empresas que desejam atrair e reter esses talentos, é essencial compreender suas prioridades e capacitar a liderança para um modelo mais humanizado e flexível.
Afinal, o que motiva a geração Z?
PROPÓSITO E IMPACTO
São profissionais que valorizam empresas com um propósito claro e alinhado a causas sociais e ambientais. Eles querem sentir que seu trabalho tem significado e gera impacto positivo na sociedade.
AUTONOMIA E FLEXIBILIDADE
Essa geração prefere ambientes de trabalho que ofereçam flexibilidade de horários e a possibilidade de trabalho remoto. A rigidez corporativa é um fator desmotivador.
CRESCIMENTO E APRENDIZADO CONTÍNUO
Oportunidades de desenvolvimento, feedbacks constantes e mentorias são essenciais. Trabalhos repetitivos e sem desafios são rapidamente abandonados.
BEM-ESTAR E SAÚDE MENTAL
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um valor fundamental. Ambientes tóxicos e excesso de carga de trabalho afastam esses profissionais.
AUTENTICIDADE E INCLUSÃO
A diversidade e um ambiente inclusivo são fatores determinantes para que a geração Z se sinta pertencente e engajada dentro da empresa.
A geração Z e a liderança tradicional
Modelos baseados em hierarquia rígida, com controle e rigidez excessiva, não são eficazes com esses profissionais.
A forma de liderança “tradicional”, hoje já chamada de Old School, por estar baseada no comando e no controle das pessoas, podem gerar reações como:
DESENGAJAMENTO
Se não encontram um ambiente colaborativo e respeitoso, perdem rapidamente o interesse e reduzem sua produtividade.
SAÍDA RÁPIDA DA EMPRESA
Ao contrário de gerações anteriores, que prezavam pela estabilidade, a geração Z não hesita em mudar de emprego se não se sentir valorizada.
EXPOSIÇÃO PÚBLICA E ATIVISMO DIGITAL
Muitos jovens profissionais compartilham experiências negativas em redes sociais e plataformas como Glassdoor, pressionando empresas a melhorar suas práticas de gestão.
BUSCA POR DIÁLOGO
Tentam propor mudanças e dialogar com a liderança, mas, se não percebem abertura, rapidamente partem para outras oportunidades.
EMPREENDEDORISMO E FREELANCING
Quando sentem que o ambiente corporativo não atende às suas expectativas, muitos preferem criar seus próprios negócios ou seguir carreiras independentes.
Como as empresas podem se adaptar?
Para engajar a geração Z e potencializar seus talentos, é necessário adotar abordagens mais humanas e inovadoras. Isso demonstra que priorizar a capacitação da liderança consciente e do cultivo às relações humanizadas não é mera retórica, mas uma questão de sustentabilidade do negócio.
A partir dos programas para desenvolvimento para líderes que realizo em grandes empresas, pude chegar a algumas conclusões-chave a respeito de como lidar com essa nova realidade. Confira e veja se faz sentido pra você:
► Substituir o “comando e controle” por uma liderança baseada na inspiração, no exemplo e na confiança.
► Criar um ambiente onde o aprendizado contínuo e os feedbacks construtivos sejam parte da rotina.
► Oferecer opções de trabalho híbrido, horários flexíveis e mais autonomia para tomada de decisões.
► Conectar a atuação da empresa a um propósito maior, alinhado a causas que possam fazer sentido para a liderança e colaboradores.
► Promover diversidade, respeito e bem-estar para garantir um espaço de trabalho acolhedor e motivador.
Sim, a geração Z pode trazer desafios, mas também é capaz de criar oportunidades imensas para quem souber aproveitar seu potencial criativo, dinâmico e autêntico.
Penso que desenvolver a liderança para um modelo mais colaborativo, flexível e humanizado não só aumentará o engajamento desses profissionais, mas também impulsionará a inovação e a capacidade evolutiva das empresas. E você, o que pensa a respeito? Me conte! Quero saber sua opinião!
*Clarissa Medeiros é mentora de lideranças, palestrante, sócia-fundadora da Clarity Global e colunista do portal Gestão RH
Foto: Lucy Hallak