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14/04/2025 - 14h34

Bem-estar feminino nas empresas não é só discussão, é ação

É preciso enxergar os problemas enfrentados pelas mulheres e criar uma estratégia real para solucioná-los

 

Por Suzie Clavery*

 

As mulheres enfrentam desafios em todas as áreas das suas vidas. No trabalho não é diferente: a pressão constante e exagerada por desempenho, duplas jornadas, sobrecarga de responsabilidades, as expectativas fora da realidade e a cobrança contínua pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional são só alguns exemplos de como enfrentamos várias batalhas todos os dias.

 

Precisamos agir agora. Sociedade e empresas precisam se perguntar: por que mulheres precisam alcançar o padrão mais elevado para todas as esferas das suas vidas? Qual é o peso de "ter que ser" uma boa mãe, esposa e profissional 100% do tempo? Metas inalcançáveis devem realmente ser estabelecidas? Como o "trabalho invisível" que muitas de nós realizamos deve ser analisado e debatido?

 

Muitos números já reforçam a urgência dessas discussões. Uma pesquisa da Todas Group e da Nexus mostra que 83% das mulheres relatam que enfrentaram barreiras para crescer em suas funções. Outras 71% dizem que sentem que não são tão reconhecidas quanto os homens em seus trabalhos.

 

Outro estudo que vale ser destacado é o Check-up de bem-estar, da Vidalink: o levantamento revela que 25% das colaboradoras entrevistadas afirmam que o seu nível de bem-estar é "baixo" ou "baixíssimo", percentual que cai para 12% em relação aos homens. Além disso, 44% delas dizem que sentem ansiedade na maior parte dos dias, dado que diminui para 37% no lado masculino.

 

Esse esgotamento mental e as dificuldades intermináveis precisam ser olhados com máxima atenção pelos gestores. E quando digo "olhados" quero dizer enxergar esses problemas e criar uma estratégia real para solucioná-los. Muitas empresas estão conscientes desses desafios e da importância do tema, mas ainda não buscaram soluções efetivas para eles.

 

As organizações precisam criar políticas e condições que tornem o seu ambiente corporativo um espaço de equilíbrio, respeito e inclusão. O bem-estar feminino não é só fundamental para a qualidade de vida das colaboradoras, mas também para aspectos como a produtividade, a retenção de talentos e a construção de uma cultura organizacional mais saudável.

 

TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL
Quando estamos falando de melhorar as condições de trabalho das mulheres e reduzir desigualdades estruturais, a primeira coisa que devemos ter em mente é que a resposta não está só em esforços individuais. Ou seja, a empresa precisa estruturar uma transformação organizacional profunda se realmente quiser contribuir para essa causa. Isso significa enraizar bandeiras e criar políticas efetivas na sua cultura, que modifiquem o olhar sobre a participação e a evolução das profissionais femininas. São exemplos:

 

Flexibilização do horário de trabalho: horários de trabalho mais flexíveis ou a própria possibilidade de atuar remotamente (dependendo do cargo) ou em modelo híbrido podem ser ótimas saídas, principalmente para mulheres que têm filhos pequenos ou outras responsabilidades familiares;

 

Promover o autocuidado: benefícios como apoio psicológico, planos de saúde e convênios com academias são diferenciais que impactam no equilíbrio entre pessoal e profissional das mulheres;

 

Políticas contra assédios: implementar ações contra o assédio sexual, alertando sobre os sinais e quais medidas devem ser tomadas nesses casos (muito importante oferecer apoio para vítimas!), e moral é imprescindível; 

 

Participação feminina na tomada de decisões: incentivar o posicionamento das colaboradoras em reuniões e na hora de tomar decisões garante que as suas vozes sejam ouvidas e levadas em consideração.

 

Nenhuma dessas políticas pode ser realizada apenas por uma mulher. Essa discussão deve ser coletivizada, como uma unidade, em que todos e todas estendem a mão para que elas encontrem saídas para os entraves do seu bem-estar.

 

Enquanto nós, mulheres, devemos nos conscientizar e atuar em conjunto para deixar essa redoma de autocobrança e sentimento de insuficiência, é fundamental que as pessoas em posição de poder façam parte do debate e se coloquem à disposição para trabalhar a equidade de forma efetiva e abrangente.
 

 

*Suzie Clavery é CHRO Latam da TotalPass

 

 

 

Foto: Divulgação/TotalPass