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Comportamento

11/07/2024 - 11h58

Líderes e gestores têm papel fundamental para quem sofre do medo de se desconectar

A médio e longo prazo, os prejuízos causados pelo Foso (Fear of Switching Off) podem ser desastrosos

 

 

O medo de se desconectar, conhecido como Foso (Fear of Switching Off), tem provocado uma prática comum e perigosa para os profissionais: continuarem plugados no trabalho durante as férias. Predominante entre os nativos digitais, o Foso se manifesta em colaboradores que, mesmo de férias, mantêm-se disponíveis para conversas a distância e, por vezes, executam tarefas e participam de reuniões. A crença equivocada é de que uma desconexão por vários dias prejudicaria o andamento das demandas e elevaria a pressão no retorno.

 

“Acredito que esse comportamento é uma das heranças da pandemia, quando os limites entre vida pessoal e profissional praticamente desapareceram. Muitos profissionais faziam refeições trabalhando, esticavam o horário e levavam pendências para o final de semana. Os impactos desse excesso de trabalho já são bem conhecidos: burnout, ansiedade, insônia, depressão”, alerta Maria Sartori, diretora associada da empresa de recrutamento e seleção Robert Half.
 

Os reflexos a médio e longo prazo dessa dificuldade de desconexão tendem a ser desastrosos e estão associados à queda de produtividade, falta de disposição, mau humor, entre outros prejuízos físicos e psicológicos. Garantir um período de descanso total é importante para recarregar as baterias e assegurar que a saúde mental e física continue em ordem para a entrega de bons resultados.

 

De acordo com a diretora da Robert Half, é fundamental que as companhias não encarem as férias conectadas como uma conduta tolerável ou desejável. Uma cultura organizacional que respeite e valorize o descanso, a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores incentiva atitudes nesse sentido.

 

As lideranças devem dar o bom exemplo. “Se elas se desconectam nas férias, é provável que seus times sigam o mesmo caminho. Definir as expectativas em relação ao período e compartilhar essa informação com o restante da equipe é recomendável. Se está claro que a regra é ficar offline, todos se sentirão seguros para se desconectar”, comenta Maria.

 

Outra medida é a organização e delegação de responsabilidades durante as ausências, o que ajuda tanto a evitar sobrecarga e falhas quanto a estimular que o descanso absoluto seja visto como algo positivo, já que os colegas de equipe darão cobertura.

 

É normal que, na volta das férias, os profissionais precisem de alguns dias para entrar no ritmo do trabalho novamente. Aos gestores, é interessante promover um bate-papo descontraído sobre como foi o período de descanso, planejando os próximos passos.

 

Além disso, para atualizar o profissional sobre o que aconteceu durante sua ausência e envolvê-lo nas atividades e projetos em andamento, é recomendável reunir o time inteiro.

 

 

Foto: Freepik