07/02/2024 - 15h21
Gestores podem e devem gerir a procrastinação nas empresas
Fawez Tarbine, CEO da Auda, diz que o medo de fracassar é uma das características de quem procrastina
Procrastinação é um comportamento humano persistente e que pode se agravar ao longo do tempo, levando a resultados negativos. De acordo com Fawez Tarbine, CEO e fundador da Auda, o corpo humano foi programado biologicamente para poupar esforço e economizar energia, cabendo aos seres humanos se desenvolverem individualmente, buscando formas de evoluir utilizando estratégias para sair da zona de conforto.
“Procrastinação é um comportamento que envolve transferir ações importantes ou urgentes para um momento futuro. É importante que os líderes observem o seu time como um todo, a empresa e formas de gerir a procrastinação”, diz Fawez.
Segundo um estudo publicado em 2023, na edição de março da revista Developmental Psychology, a tendência à procrastinação começa na infância e piora conforme a idade. O especialista completa: “Em outras palavras, a procrastinação é quando alguém escolhe fazer algo menos relevante e mais fácil, mesmo sabendo que há tarefas mais críticas e urgentes a serem realizadas”.
De acordo com Fawez, as principais características da procrastinação são:
Falta de clareza: quem toma as decisões da corporação, normalmente não é quem manuseia as tarefas. “Os líderes precisam ser claros em todo o processo, olhando para o todo e amplificando sua visão. O que fazer?, como fazer?, por que fazer?, quais tarefas precisam para chegar aos objetivos e às metas? e para onde estamos indo? são perguntas importantes que precisam ser respondidas para que toda a equipe entenda quais os planos, evitando dúvidas ou procrastinação", orienta.
Medo do fracasso: outra característica da procrastinação é o medo do desconhecido, da cobrança, de não conseguir e ser prejudicado, e da cultura da empresa. “Quando a cultura da empresa é punir os colaboradores pela falha ou pequeno erro, ela se torna um meio de fracasso. É necessário entender qual o princípio do medo. Cabe ao RH buscar estratégias que trabalhem o medo do profissional.”
Perfeccionismo: A substiuição da frase “só faço se for bem-feito, se não nem faço” por “melhor feito do que o perfeito” se torna um bom meio de conquistar resultados. “É melhor iniciar um pequeno grande passo do que desejar 32 passos e não seguir nenhum”.
Falta de motivação e propósito de vida: as pessoas precisam de pequenas doses diárias de motivação já que todos somos movidos por desafios. Cabe aos líderes gerar esse sentimento nos colaboradores todos os dias.
Indecisão: quando se tem diversas opções, a tendência é procrastinar mais. “Um exemplo é quando estamos em um restaurante e pegamos o cardápio: demoramos para escolher algo que é simples por ter informação demais”.
Para os gestores, ele indica:
olhar individualmente os colaboradores e educá-los sobre a procrastinação, descobrindo quais são os hábitos, fatores psicológicos e emocionais, crenças limitantes que estão levando o profissional a procrastinar e ensinar como identificar sinais;
criar um ambiente propício – sugerir maneiras de criar um ambiente de trabalho que minimize as tentações, indicando a criação de um ambiente adequado;
fornecer metodologias, cursos e ferramentas de produtividade – ensinar técnicas e metodologias simples e fáceis para seguir, burlando a procrastinação;
Levar aos funcionários clareza da missão, visão e valores inegociáveis para empresa – clareza gera maestria e motivação;
investir em programas de bem-estar para ajudar os colaboradores a gerenciar o estresse e a saúde mental;
promover cultura organizacional valorizando o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal;
treinamento e desenvolvimento – foco em programas de desenvolvimento contínuo para manter os habilidades dos colaboradores atualizadas com as últimas tendências e tecnologias;
aprendizado personalizado – implementação de caminhos de aprendizado personalizados para apoiar o crescimento individual dos colaboradores.
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