
18/02/2025 - 12h58
Em tempos de IA, intuição pode ser diferencial no mundo corporativo
Para especialista, aprender a confiar na intuição pode evitar erros antes que os dados os confirmem
Em uma era em que a inteligência artificial e a análise de dados dominam a tomada de decisão, a intuição emerge como um contraponto essencial: enquanto algoritmos processam informações em velocidade recorde, os líderes mais bem-sucedidos sabem que nem todas as respostas estão nos dashboards ou nas planilhas. É o que garante Vanessa Pacheco Amaral, sócia-diretora da consultoria Ekantika Learning Lab.
Ela ressalta que a intuição não é um misticismo corporativo, ao contrário, pode ser a chave para decisões mais assertivas e inovadoras, sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores ao longo das últimas décadas.
Como exemplo, Vanessa cita Daniel Kahneman, psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, que diferencia os processos de pensamento rápido e intuitivo (Sistema 1) do pensamento lento e analítico (Sistema 2). Em seu livro Rápido e Devagar: Duas formas de pensar, ele demonstra que, em muitas situações, a intuição é uma ferramenta poderosa para a tomada de decisão, especialmente em cenários de incerteza como o que vivemos.
"A intuição é uma capacidade essencial, mas frequentemente ignorada em um mundo acelerado e excessivamente conectado. Carl Jung acreditava que ela nos conecta ao inconsciente, permitindo-nos acessar insights sobre o futuro de forma inexplicável, mas profundamente real", diz a consultora.
Quando a intuição pode ser decisiva?
Em algumas situações de trabalho, aponta Vanessa, a intuição pode ser uma aliada poderosa: o gestor pode perceber um desalinhamento na equipe antes que se torne um problema evidente; um empreendedor pode sentir que um determinado negócio não é a melhor escolha mesmo que os indicadores financeiros pareçam favoráveis; líderes experientes relatam, muitas vezes, uma “sensação” que os leva a reavaliar decisões estratégicas antes que se tornem irreversíveis.
E essa é uma habilidade que pode ser desenvolvida a partir de três princípios:
Espaço para o silêncio – Criar pausas intencionais na rotina permite observar e sentir antes de agir.
Confiança na experiência – Nem toda decisão precisa de uma planilha para ser validada; aprender a confiar na intuição pode evitar erros antes mesmo que os dados os confirmem.
Equilíbrio entre análise e percepção – A melhor tomada de decisão ocorre quando a intuição e os dados são combinados.
"Em um mundo de respostas rápidas e soluções padronizadas, quem aprende a ouvir o que vem de dentro encontra novas possibilidades, cria diferenciais e lidera com propósito", conclui a consultora. Para ela, a intuição não é um "dom", mas uma ferramenta estratégica que pode transformar a maneira como tomamos decisões e conduzimos os negócios.
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