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21/08/2023 - 11h18

Quase 70% das mulheres dizem que seu crescimento profissional é mais lento após terem filhos

Pesquisa da Elliott Scott HR Brasil aponta: é necessário criar ambientes corporativos acolhedores para as mães

 

 

Ser mãe é um direito de todas as mulheres e deve ser encarado e respeitado como tal pelas empresas. Mas, o gap entre essa teoria e a prática ainda é preocupante. É o que identificou uma pesquisa da Elliott Scott HR Brasil, consultoria de recrutamento especializado em talentos de RH. Das 1.202 mulheres entrevistadas, dos 20 anos aos 51+, 69% das que têm filhos na primeira infância – até cinco anos de idade – acreditam que seu crescimento profissional é mais lento em comparação àquelas que não optaram pela maternidade, desencadeando preocupações sobre o futuro de suas carreiras que se iniciam desde a gestação.

 

Filhos e carreira podem – e devem – caminhar lado a lado na trajetória profissional de quem tem esse sonho. Contudo, falta conscientização do mercado corporativo em relação ao tema e, ainda mais importante, à percepção das mulheres sobre ele. Como consequência inevitável a esse cenário, há uma grande falha na presença de processos estruturados e transparentes para a saída e retorno da licença-maternidade das mulheres, assim como a estruturação de uma rede de apoio adequada a elas.

 

Para Eduardo Saigh, diretor Latam da Elliott Scott, o mercado tende a enxergar essas mães com filhos na primeira infância como profissionais que não estão 100% disponíveis para situações atípicas ou não planejadas, como trabalhar além do horário, nos finais de semana, feriados ou mesmo realizar viagens não planejadas. Na prática, isso fez com que 39% delas chegassem a perder alguma oportunidade por estarem grávidas, desejarem ser mães ou após retornarem da licença-maternidade. “Há um preconceito nítido sobre essas trabalhadoras, como se não fossem se dedicar totalmente às responsabilidades da empresa por terem que cuidar de seus filhos”, afirma.

 

Esse pensamento velado reflete uma realidade difícil para as mulheres, assim como dúvidas sobre os impactos de uma possível gestação. Tanto que 73% daquelas que ainda não têm filhos afirmaram que a descoberta de uma gravidez, neste momento, teria algum ou muito impacto em seu cargo atual. Segundo as respondentes, 62% acreditam que a principal preocupação de carreira de uma gestante é se conseguirá cumprir com seus papéis profissionais e maternais com excelência, seguido por 54% que temem a demissão no retorno da licença-maternidade, e por 48% que cogitam se a empresa irá flexibilizar suas jornadas para que consigam ficar mais próximas de seus bebês nos primeiros meses de vida.

 

Em muitos casos, esse receio já é visto desde o processo seletivo. Cerca de 28% se sentem inseguras se o entrevistador entenderá que terão o comprometimento necessário para exercer seu trabalho devidamente, independentemente de ser mãe.

 

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES

“Discutir sobre como criar ambientes corporativos que acolham as mães, permitindo que desenvolvam suas carreiras sem abrir mão de algo único na vida, é extremamente importante para quebrar esse tabu de uma vez por todas. Principalmente, considerando as habilidades técnicas e comportamentais que grande parte delas desenvolve no pós-maternidade”, complementa Eduardo.

 

Nesse campo, aproximadamente 72% das entrevistadas perceberam mudanças significativas em termos de flexibilidade e inteligência emocional, 69% notaram maior resiliência e capacidade de adaptação e 58% desenvolveram uma melhor gestão de tempo. “Essas habilidades têm um potencial significativo para contribuir no desenvolvimento da carreira dessas mulheres, e que devem ser destacadas especialmente em uma entrevista de emprego, de como podem ser aplicadas no dia a dia profissional”, explica Renata Sottero, sócia-diretora Elliott Scott.

 

Mesmo com todas essas preocupações e desafios, 44% acreditam que a escolha da maternidade não tem relação com o momento da carreira, mas sim com uma escolha pessoal e familiar. Apenas 9% que se sentem mais confortáveis e amparadas para terem filhos no início da carreira, enquanto estão em cargos operacionais, e 22% que cogitam a maternidade quando estiverem em cargos estratégicos e de gestão.

 

Eduardo salienta que não há um momento ideal para a mulher que trabalha ter filhos, pois essa decisão deve ser livre e individual. “O mais importante é garantir um ambiente de trabalho que permita a sustentável união entre maternidade e carreira, dando todo o suporte para que se desenvolvam em suas áreas sem receios”, finaliza.

 

 

 

Foto: Freepik/DCStudio