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04/09/2024 - 12h17

Iniciativa privada financia mais projetos para inclusão econômica LGBTQIA+ do que o Estado brasileiro

Por falta de mais ações, apenas uma a cada quatro pessoas LGBTQIA+ conseguiu trabalho formal no último ano


 

Os resultados de uma pesquisa do Fundo Positivo trouxeram à tona os desafios e avanços na inclusão econômica e geração de renda da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Realizado entre outubro de 2023 a março de 2024, o estudo envolveu representantes fundos de financiamento brasileiros, organizações da sociedade civil, iniciativas sociais, gestores de diversidade e inclusão de empresas privadas e representantes do poder público.

 

Segundo a pesquisa, apesar dos esforços das organizações da sociedade civil e de iniciativas voltadas à promoção econômica dessa população, o mercado de trabalho formal ainda se mostra incapaz de absorver a mão de obra qualificada proveniente desses projetos.

 

A falta de apoio governamental também é um desafio relevante para 45,2% dos entrevistados, assim como o apoio das empresas privadas para a criação de vagas (42,3%) das respondentes. Os dados tendem a demonstrar que o apoio insuficiente do Estado e das empresas impacta negativamente a capacidade de execução e cumprimento dos objetivos dos projetos.

 

Ainda assim, a iniciativa privada financia mais projetos para inclusão econômica LGBTQIA+ do que o Estado, com 49,3% dos projetos financiados por editais de empresas privadas, organizações sociais ou fundos; 29% por captação ou doações de empresas e organizações sociais; e 30,4% por editais do governo.

 

O levantamento também aponta a falta de estratégias formais e contínuas para a coleta de dados sobre a população LGBTQIA+, o que dificulta a definição de políticas públicas eficazes. Informações sobre escolaridade, idade, raça, cor, renda e inserção no mercado de trabalho são fundamentais para aprimorar a promoção econômica e políticas de geração de renda.

 

"Estamos trazendo à tona um problema que já sabemos que existe, mas agora teremos dados sérios e qualificados para provar", diz Harley Henriques, coordenador executivo do Fundo Positivo.

 

Outros dados relevantes da pesquisa são:

 

► Apenas 1 em cada 4 participantes LGBTQIA+ conseguiu um emprego formal com carteira assinada, conforme relatado por 57,5% dos respondentes.

 

► Houve um aumento substancial no número de projetos voltados para a geração de renda para pessoas LGBTQIA+ nos últimos anos, com 63,4% deles iniciados entre 2021 e 2023.

 

► O público-alvo prioritário das iniciativas para a promoção econômica LGBTQIA+ é a população trans: 51% dos projetos focam em mulheres trans, 49% em travestis e 39,4% em homens trans.

 

"O Fundo Positivo ressalta a urgência de maiores investimentos e apoio do setor público e privado para garantir a inclusão econômica plena da população LGBTQIA+ no Brasil, promovendo assim um mercado de trabalho mais justo e igualitário para todos", finaliza Harley.

 

A pesquisa Inclusão Econômica e Geração de Renda da População LGBTQIA+ no Brasil: Desafios, iniciativas e financiamentos foi desenvolvida pelo Fundo Positivo, em parceria com o Instituto Matizes, a partir do apoio da Wellspring Philanthropic Fund.

 

 

Foto: Shutterstock