
28/04/2025 - 12h04
Menos da metade dos profissionais está satisfeita com o pacote de benefícios oferecido pela empresa
Pesquisa da MIT SMR Brasil e Unico Skill aponta plano de saúde como o mais desejado
Os trabalhadores brasileiros consideram os benefícios corporativos um fator fundamental de permanência em suas empresas, mas apenas a minoria está satisfeita com o que é oferecido. A conclusão é da pesquisa Benefícios Corporativos: O impacto dos benefícios no futuro do trabalho, produzida pela MIT Sloan Management Review Brasil em parceria com a Unico Skill. O levantamento, que ouviu 182 profissionais de diversos setores em todo o território nacional entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, descobriu que existe um distanciamento entre expectativa e realidade: 70% dos profissionais dizem que os benefícios que recebem em seus empregos atuais influenciam muito em suas decisões de continuarem onde estão, mas apenas 49% estão felizes com os pacotes que possuem.
"Esses dados mostram uma oportunidade clara para as empresas repensarem suas estratégias de atração e retenção de talentos", afirma Joca Oliveira, CEO do Unico Skill. "Em um mercado de trabalho tão competitivo, um pacote de benefícios alinhado às demandas dos trabalhadores faz toda a diferença. Encomendamos esse estudo de uma das instituições mais respeitadas do mundo justamente porque queríamos saber exatamente o que os colaboradores estão pedindo", explica.
Do plano de saúde à educação
Presente em praticamente todos os pacotes, o plano de saúde é o item mais desejado pelos colaboradores brasileiros, segundo o estudo, seguido por um outro bastante comum: o vale-alimentação. Logo atrás aparecem a previdência privada e um auxílio que vem ganhando tração e virando tendência entre grandes empresas: a educação.
"O profissional de hoje sabe que seu valor no mercado está diretamente relacionado à sua capacidade de se manter atualizado e adquirir novas competências", avalia Douglas Souza, CEO da MIT Sloan Management Review Brasil e responsável pelo estudo. "Mas ele também sabe que esse processo não é fácil nem barato. Por isso, o apoio do empregador é chave."
A boa notícia, segundo Joca Oliveira, é que as empresas brasileiras já perceberam isso e estão apostando na educação como benefício não apenas para atender às demandas da sua força de trabalho, mas para prepará-la para o futuro. O Fórum Econômico Mundial estima que 59% da mão de obra global vai precisar se requalificar ou aprimorar suas habilidades até 2030. "As organizações que não priorizarem o desenvolvimento do capital humano ficarão para trás na corrida por inovação e competitividade", prevê. "É por isso que eu sempre digo que a educação é uma necessidade básica não só das pessoas, mas também das empresas."
Flexibilidade
A pesquisa também traz descobertas que explicam o motivo pelo qual mais da metade dos colaboradores brasileiros não está satisfeita com seus benefícios atuais: a falta de flexibilidade.
Mais de 90% dos profissionais entrevistados gostariam de ter pacotes mais versáteis, mas o formato é oferecido por apenas 14% das empresas. Os gestores até defendem o aumento da personalização para atender às necessidades individuais de cada trabalhador – 55% deles disseram ser favoráveis a isso –, mas acabam desistindo por conta do custo elevado – 83% afirmam que esse é o maior gargalo para implementar pacotes flexíveis.
"Essa dificuldade de colocar em prática aquilo que os próprios empregadores acreditam revela uma urgência por novos modelos que tenham um retorno sobre o investimento mais claro e mensurável", analisa Douglas Souza. "E isso passa por soluções que vão além das estruturas básicas de custos. É preciso levar em consideração os impactos de longo prazo não só no desenvolvimento dos colaboradores, mas também da organização." A educação como benefício, segundo o CEO da MIT Sloan Management Review Brasil, é um bom exemplo de estratégia que atende tanto às demandas do trabalhador quanto às das empresas.
Futuro
Os pesquisadores apontam que estamos em um momento decisivo para a evolução dos benefícios corporativos no Brasil. Eles ressaltam que os próximos passos de qualquer gestor de recursos humanos precisam incluir uma escuta ativa para garantir engajamento e satisfação no ambiente de trabalho. "As empresas que souberem ouvir seus colaboradores e implementar estratégias que equilibrem suas necessidades com os objetivos de negócio estarão mais bem posicionadas para atrair e reter os melhores talentos em um mercado cada vez mais competitivo", conclui Joca.
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