17/09/2020 - 15h02
Adaptabilidade, conectividade digital e bem-estar agora são prioridade nas empresas, aponta pesquisa
Levantamento também identificou os valores considerados mais importantes no pós-Covid-19
Uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria e auditoria Grant Thornton Brasil e pela Culture for Performance, especializada em projetos de cultura organizacional, apontou que adaptabilidade, conectividade digital e bem-estar dos funcionários são algumas das novas prioridades para as empresas após o advindo da pandemia daCovid-19, iniciada em março.
Realizada de 19 de junho a 29 de julho, a pesquisa procurou entender como a pandemia impactou as organizações e sua cultura, quais são as novas prioridades das empresas e dos funcionários e o que será necessário para essas empresas se adaptarem ao pós-pandemia. Para tanto, foram ouvidos 2.100 profissionais brasileiros de níveis estratégico, tático e operacional, de empresas de todos os portes.
Eles apontaram quais eram os 10 principais valores antes e durante a Covid-19 e o que esperam de relevante para o pós.. O resultado mostrou que antes da pandemia o valor “atingir objetivos” era relevante para 31%, seguido de comprometimento (23%), crescimento na organização e adaptabilidade (ambos com 22%). Ainda constavam na lista dos 10 mais prioritários: ética, aprendizagem contínua, assumir riscos, agilidade, alianças estratégicas e, por último, redução de custos.
Contudo, durante a pandemia, as prioridades das empresas passaram a ser diferentes. Adaptabilidade triplicou de importância, subindo para a primeira posição, e entraram na lista dos dez valors mais importantes alguns que não constavam antes, como conectividade digital (29%), atitude positiva (25%), bem-estar (23%), cautela (20%), compartilhar informações e comunicação aberta (ambos com 19%). E vários outros valores saíram da lista de prioridades.
Ronaldo Loyola, sócio da área de Capital Humano da Grant Thornton, explica que durante a crise, as empresas estão tendo que se adaptar mais rapidamente, acelerando a digitalização do seu negócio. “Além disso, aumentou a importância da aprendizagem e há uma grande demanda por bem-estar e por comunicação transparente e com significado”, completa.
Os resultados do estudo mostram ainda que alguns valores, como atingir objetivos, crescimento da empresa, ética, assumir riscos, agilidade e alianças estratégicas não estão sendo mais tão prioritários durante a pandemia. Caio Brisolla, sócio da Culture for Performance, afirma que neste momento, as empresas estão assumindo poucos riscos e as decisões são mais lentas. “Os objetivos para o ano tendem a ser revistos e a agenda de crescimento perdeu força. Por outro lado, alguns itens que às vezes geram dispersão de energia dentro das organizações perderam força, tais como: burocracia, controle, hierarquia e feudos”, salienta.
Adicionalmente, o levantamento deixa claro que alguns outros temas ganharam muita importância agora. “Ampliando a análise, podemos notar que administrar bem sob pressão, colaboração entre grupos, engajamento dos funcionários e trabalho em equipe se tornam mais importantes”, afirma Loyola.
A pesquisa também identificou quais são os valores que as empresas julgam mais importantes no pós-Covid-19. Adaptabilidade permaneceu na liderança, agora com 52%. Contudo, alguns valores mudaram na escala de prioridade, em comparação com o cenário agora durante a pandemia. Bem estar subiu para a segunda colocação, com 30%, por exemplo.
Uma das conclusões interessantes do estudo é que boa parte do aprendizado das empresas no atual período contribuirá para a retomada após a pandemia. A pesquisa aponta que seis dos valores mais vivenciados durante a Covid-19 também são requisitados após a crise: adaptabilidade, bem-estar, conectividade digital, aprendizagem contínua, atitude positiva e comunicação aberta.
Mas, também há lição de casa para os líderes. Brisolla explica que os desafios impostos pela pandemia mostraram que as lideranças precisam ser desenvolvidas para se adaptar aos novos tempos e que não é mais possível contar apenas com suas experiências passadas.
“Também há uma clara demanda para que as organizações sejam mais humanas e se preocupem genuinamente com o bem estar das pessoas! Paralelamente, as empresas vão precisar investir mais consistentemente em melhorias e cada vez mais buscar soluções criativas, principalmente para situações inusitadas, diferentes”, afirma.
O levantamento foi realizado mediante a aplicação de questionário tomando por base a metodologia criada por Richard Barrett para assessment de cultura organizacional. Essa metodologia é utilizada em 100 países e tanto Grant Thornton com Culture for Performance possuem profissionais certificados nela. e profissionais da rede global da Grant Thornton.
Foto de abertura: Shutterstock