19/12/2022 - 10h14
Gamificação: Um diferencial na Educação Corporativa
O aumento dos recursos tecnológicos dos celulares tem sido importante para impulsionar o mercado
A gamificação é uma estratégia de interação através de games que vem crescendo no mundo todo. A ferramenta pode ser utilizada em diferentes áreas, desde o Marketing para atrair consumidores até nos processos de educação. O ensino por meio de jogos digitais tem sido aplicado em escolas, universidades e empresas, em áreas de treinamento e gestão de pessoas.
A explicação para esse sucesso é fácil. Os jogos têm o poder de reter a atenção e com isso, eles geram mais motivação e engajamento dos colaboradores. Além disso, o aumento dos recursos tecnológicos dos celulares tem sido um fator importante para impulsionar esse mercado. Um estudo realizado pela Accenture avalia que o valor total da indústria de jogos eletrônicos no mundo ultrapassa US$ 300 bilhões por ano, mais do que os mercados de filmes e música juntos.
Mas, é na Educação Corporativa que a gamificação vem ganhando cada vez mais espaço e que os melhores resultados da metodologia aparecem. Pesquisas revelam que inserir elementos de jogos no dia a dia das pessoas aumenta a adesão em relação às suas responsabilidades e o envolvimento com a aprendizagem. Doutora em comunicação e estudos de games pela UFRGS e consultora do FGV In Company, Mariana Amaro, explica que os jogos podem ser usados para atender funções diferentes como aumentar a motivação e cooperação de uma equipe até para transformar comportamentos através da aplicação de mecânicas de reforço de atitudes vistas como positivas pela corporação. “Ao oferecer ambientes de realidade alternativa, sem riscos, as empresas também podem utilizar os jogos para incentivar à inovação e desenvolver habilidades específicas nos membros da equipe.”
Segundo Mariana, ao criar ambientes “seguros” e que tenham caráter descontraído, os funcionários se sentem mais confortáveis em tentar novas soluções para resolver problemas e aprender novas habilidades. “O fato de se criar uma realidade alternativa faz com que os funcionários passem ao papel de jogadores, no que chamamos de círculo mágico, tendo que compreender e explorar suas capacidades de criatividade para ser bem-sucedido”, explica. A especialista ressalta que em jogos cooperativos, o sentimento de grupo e a compreensão do que cada jogador traz como qualidade é um comportamento muito positivo que deve ser incentivado na cultura das empresas.
A prática dentro das organizações
As iniciativas de gamificação acontecem nos setores privado e público em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, Mariana conta que o Departamento de Saúde e Assistência Social do Governo criou um jogo para educar seus cuidadores em relação às práticas de privacidade e segurança. “No Brasil, várias empresas como Bradesco aplicam a gamificação para melhorar a gestão dos contratos e estimular nas empresas terceiras a cultura da empresa. Itaú e Mc Donald’s possuem games em seus EAD.”
A coordenadora acadêmica do FGV IN Company, Denize Dutra explica que no caso da educação corporativa, o importante é que os jogos podem ser aplicados ao desenvolvimento de competências comportamentais e técnicas (gestão ou qualquer outra área), e engajar as pessoas no processo de aprendizagem.
Denize lembra que nos programas presenciais da FGV muitos professores usam jogos em suas aulas. “Há anos, nos cursos online, existe a disciplina de Business Game. Os alunos são organizados em times e utilizam um jogo em que vivenciam na prática a gestão de projetos.” Segundo a coordenadora, com o avanço das aulas mediadas por tecnologia, muitos jogos digitais foram introduzidos em diferentes disciplinas e muitos programas corporativos possuem games que são criteriosamente escolhidos ou desenvolvidos por especialistas para agregar valor ao processo de aprendizagem. “Isso torna a experiência do aluno muito mais rica e prazerosa”, conclui Denize.
RH e Gamificação
Geralmente as áreas de Recursos Humanos e Educação supervisionam a implementação das ferramentas e jogos. Mas, existem casos em que é necessário o auxílio e consultoria de especialistas em Design de Jogos para criar uma experiência mais especializada. Algumas empresas também procuram soluções prontas para a aplicação e adaptação desses processos. Os resultados de engajamentos normalmente são medidos pelo feedback de funcionários, ferramentas de entrevista e pesquisas de satisfação, além da análise da produção e dados quantitativos. Para avaliar se a gamificação é, de fato, a ferramenta que pode auxiliar a empresa, é preciso checar alguns aspectos do processo de planejamento:
1.Conhecer os objetivos do negócio e da aprendizagem requerida;
2. Definir comportamentos e atividades que serão o alvo dessa ferramenta-jogo;
3. Conhecer o perfil dos jogadores, a fim de conhecer as plataformas que podem ser utilizadas;
4. Fazer testes e aplicações piloto antes de incorporar a equipe;
5. Destacar o tipo de conhecimento que se objetiva ensinar, criando uma atividade guiada e reflexiva por meio de um tutor/aplicador;
6. Assegurar que a aplicação será uma atividade divertida.
Confira mais sobre o assunto no episódio sobre gamificação do podcast FGV InCompany Insights