Notícia

Responsabilidade Social e Cidadania

22/10/2024 - 17h52

Executivos trabalham habilidades de liderança participando de mentoria social

Profissionais falam da experiência de contribuir no desenvolvimento de jovens em situação de vulnerabilidade

 

A ONG PAC (Projeto Amigos da Comunidade), que há mais de 21 anos atende a população em situação de vulnerabilidade ou risco social nos distritos de Pirituba, São Domingos e Jaraguá, em São Paulo, tem conectado altos executivos com o projeto de mentoria social Mentoria Jovem com Futuro (JCF). A iniciativa faz parte do programa de formação profissional homônimo, que trabalha a inclusão produtiva de jovens de 16 a 24 anos residentes nas comunidades atendidas pela ONG.

 

Até o momento, passaram pelo projeto mais de 420 profissionais entre executivos, líderes e analistas de empresas parceiras. Com quatro meses de duração, a mentoria acontece em encontros virtuais semanais com período de uma hora, em dias e horários combinados entre mentor e mentorado. Nesse período, os executivos auxiliam os jovens em início de carreira a desenvolverem soft skills, habilidades bastante requeridas hoje pelas organizações, oferecem direcionamento profissional e trabalham a escuta ativa, o engajamento profissional individual e a responsabilidade social corporativa, ampliando suas habilidades de liderar pessoas.

 

Um desses mentores é Cristiano Gregorius, CEO da Softplan. Ele afirma que a experiência o auxiliou a ter uma percepção mais empática e flexível em relação ao seu time. “Ao ocupar a posição de executivo, é muito mais difícil ter um contato direto com todos da equipe, em geral são os gerentes e líderes. Isso cria um afastamento natural, mas a mentoria social me trouxe outra perspectiva. Consegui me conectar com a realidade de um jovem que por vezes enfrentava dificuldades até para conexão com a internet”, conta. Para ele, o programa social propiciou ampliar a escuta ativa, a sensibilidade e a comunicação, o que contribuiu para lançar um olhar mais empático sobre a sua própria equipe.

 

A interseção da responsabilidade social e a empatia também é citada por Marcelo Monteiro, head de Vendas da Totvs Flórida, que há mais de um ano é mentor no projeto. Para ele, a mentoria trouxe energia e a possibilidade, mesmo com a sua agenda complexa, de contribuir socialmente. “O programa nos engaja de uma forma que conseguimos ajudar o jovem a construir um projeto profissional, com base no que ele traz, mas nos encoraja também”, aponta.

 

Além da hora semanal destinada a seu mentorado, Marcelo teve a iniciativa, junto à equipe da ONG, ade convidar os ex-alunos do programa que já passaram por sua mentoria para contar um pouco sobre a experiência, os desafios e suas carreiras atualmente. O engajamento no projeto, prossegue ele, também teve reflexos na sua atuação como líder: “Você passa a acompanhar as adversidades que o jovem enfrenta e, muitas vezes, as maneiras como eles driblam isso, é estratégico. São insights que os jovens fornecem e nem percebem”.

 

A motivação gerada pelo contato com o jovem, também foi destaque para a mentora para Karina Nita, diretora atuarial da Chubb. Ela conta que a mentoria social foi um “divisor de águas” pois, a partir do seu papel como mentora, passou a fazer mentoria na empresa em que trabalha e desenvolveu um projeto semelhante em uma organização do setor de atuária. Além disso, prossegue a executiva, a experiência a ajudou a desenvolver uma percepção atenta sobre responsabilidade social.

 

Para Marcos Bregantim, CEO da Becomex, todo executivo deveria atuar em uma mentoria social, como forma de fazer algo pela sociedade e contribuir com a redução das desigualdades. “Nós, executivos, e as empresas temos que ir além e de fato nos envolvermos em iniciativas sociais”, comenta. A empresa que Marcos lidera possui um projeto que fomenta a contratação de jovens profissionais formados no curso da PAC. De acordo com ele, o seu envolvimento com o projeto impulsionou os colaboradores da empresa a participarem de forma natural. “O exemplo realmente move, e eles acompanham meu envolvimento e seriedade ao tratar da responsabilidade social corporativa. Muitos deles se inscreveram para serem mentores. Acredito que, mais que falar, é preciso agir.”

 

 

Foto: Shutterstock