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16/01/2025 - 12h12

Como a inteligência artificial tem fortalecido a conexão entre as empresas e os colaboradores

Personalização das interações, suporte contínuo por chatbot e análise preditiva são algumas das inovações

 

 

Em um cenário em que o bem-estar é visto como uma peça-chave para a produtividade, a tecnologia tem se mostrado indispensável na criação de ambientes mais acolhedores, eficientes e personalizados. Uma das grandes mudanças proporcionadas pela IA é a capacidade de antecipar as necessidades dos profissionais. Sistemas baseados em machine learning analisam dados comportamentais, identificam padrões e oferecem insights que permitem às empresas prever problemas, como a insatisfação com o trabalho, antes mesmo que se manifestem. Com isso, gestores podem tomar decisões mais assertivas e prevenir quedas de engajamento ou aumento de turnover.

 

O uso da ferramenta permite identificar e compreender relações complexas entre fatores concretos, como remuneração, qualidade da comunicação e oportunidades de crescimento e indicadores amplos, como engajamento, intenção de permanência e expectativas dos colaboradores. Por meio da análise de grandes volumes de dados, os algoritmos podem revelar correlações e padrões invisíveis a métodos tradicionais.

 

Exemplificando, a análise pode demonstrar como a percepção de justiça na remuneração afeta a intenção de permanência em diferentes níveis hierárquicos ou como uma comunicação interna mais clara e personalizada pode elevar o engajamento em equipes remotas.

 

Além disso, a solução também identifica quais dimensões da experiência do colaborador têm maior impacto no desempenho e na satisfação geral. Por exemplo, se os dados revelam que a percepção de oportunidades de crescimento é o maior impulsionador do engajamento, a empresa pode alocar recursos em programas de desenvolvimento e planos de carreira - assegurando que as ações tenham o máximo de retorno tanto para a organização quanto para os trabalhadores.

 

Mas vale lembrar que, apesar dos inúmeros benefícios, tal recurso apresenta desafios importantes. Matheus Ferreira, sócio-fundador da 7D Analytics, explica que uma das principais adversidades dessa jornada está na correta interpretação das análises geradas pela IA e na validação de seus impactos.

 

“Muitas organizações enfrentam dificuldades para traduzir os dados em insights acionáveis e prever os efeitos dessas mudanças nos processos existentes. Por isso, é essencial adotar ciclos piloto para verificar, em um ambiente controlado, como as soluções impactam as operações e quais ajustes podem ser necessários antes da implementação em larga escala”, pontua Matheus.

 

Garantir a privacidade dos dados coletados e utilizados nos processos de análise é um outro fator que exige atenção, segundo o especialista. “Empresas que pretendem adotar essas tecnologias precisam investir em políticas claras e éticas para proteger os direitos de seus funcionários. Isso inclui a criação de procedimentos de consentimento informados, em que os profissionais saibam exatamente como seus dados serão utilizados e tenham a possibilidade de optar por participar ou não de determinadas iniciativas”.

 

“As práticas de análise devem sempre garantir que os dados sejam tratados de forma agrupada, evitando qualquer possibilidade de exposição indevida. Desta maneira, é possível identificar padrões e comportamentos de forma precisa, sem comprometer a segurança ou a identidade dos participantes. Isso promove um ambiente de pesquisa mais transparente e ético, onde os dados são usados de maneira realmente responsável e em conformidade com as melhores práticas de governança”, ressalta o especialista.

 

Nesse contexto, o mercado de soluções para Recursos Humanos tem apresentado ferramentas inteligentes e estratégicas impulsionadas pela IA. De acordo com Ricardo Nobrega, CEO e sócio da Intelligenza IT, empresa do grupo HR Path Brasil, sistemas como o SAP SuccessFactors oferecem uma gama de funcionalidades robustas que integram informações de diversas áreas da empresa. “Esse fluxo contínuo de dados contribui para a criação de uma cultura organizacional mais colaborativa e flexível. Ao combinar inteligência emocional com a artificial, a ferramenta torna o caminho de tomada de decisões mais humanizado, o que pode fortalecer o vínculo do funcionário com a empresa”, afirma.

 

Porém, prossegue Ricardo, o verdadeiro sucesso da revolução digital no RH está em construir uma relação de confiança entre a inovação e o ser humano. “O futuro da gestão de colaboradores será baseado na sinergia entre a precisão das máquinas e a empatia das pessoas, garantindo que a IA se torne uma parceria poderosa no aprimoramento contínuo das experiências, tanto no ambiente de trabalho quanto nas interações diárias”, conclui ele.

 

Foto: Shutterstock